quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011















Pontos de Homens

Que um dia sonharam ser gente,

Gente que ambicionava ser povo,

Povo que perseguia ser grande,

Mas grande é a imensidão

Do nevoeiro

Por onde se percebem apenas

Tantos pontos...



(Foto: Ana Fernandes)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


Quando faltarem as palavras


Quando faltarem os gestos


Ficam os olhares


Que na transparência do que somos


Levam-nos


Onde quer quer vamos,


Para todos os lugares.
(Foto: Miguel Baltazar)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010



Cresce repleto de vontades

De certezas

De paixões

E quando fores grande

Bastar-te-á

A alegria de seres tu

Com toda a gente!



(foto: Ana Fernandes)

Abraços




Crê nos abraços

Quando perderes a fé nos livros

Na juventude

Nos sábios

No tempo

No sentido.

Crê que num outro corpo

Uma outra força

Pulsará.

E num cruzar de braços

(destemido)

Toda a verdade

Passará.



(foto: Ana Fernandes)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010


Aperta-me o peito de saudades


Aperta-me o peito de vontades


E entre o que foi


E o que há-de vir


Vou enchendo outro peito


De tanto sorrir!
(foto: Jorge Mayer)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Hoje


Se todos os dias deixamos

Que ele venha novo, como um beijo,

É porque um outro, por ser curto, abandonamos,

Entregando-nos, neste tempo, a outro desejo.



Certa é cada vinda de passagem,

Além dele não sou mais que memória ou imaginação.

Troca-se o número, o mês, a imagem,

Permanece o som de quatro letras, em repetição.



Este é o imutável tempo que muda,

Numa certeza surda, além de mim...

O único tempo sem tempo

Será o fim!
(Foto: Jorge Mayer)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Velho


"Parado e atento à raiva do silêncio

De um relógio partido e gasto pelo tempo

Estava um velho sentado no banco de um jardim

A recordar fragmentos do passado

Na telefonia tocava uma velha canção


E um jovem cantor falava na solidão

Que sabes tu do canto de estar só assim

Só e abandonado como o velho do jardim?

O olhar triste e cansado procurando alguém


E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém

Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver

A imagem da solidão que irão viver

Quando forem como tu

Um velho sentado num jardim

Passam os dias e sentes que és um perdedor


Já não consegues saber o que tem ou não valor

O teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim

Para dares lugar a outro no teu banco do jardim

O olhar triste e cansado procurando alguém


E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém

Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver

A imagem da solidão que irão viver

Quando forem como tu

Um resto de tudo o que existiu

Quando forem como tu

Um velho sentado num jardim"


(pintura: Van Gogh; poema: Mafalda Veiga)
http://www.youtube.com/watch?v=qtEYzFuEYB8&NR=1